
Lutam demasiados
"Por tão pouco" é um haicai do autor Robson Côgo que, em apenas três versos, evoca reflexões profundas sobre a condição humana e a busca incessante por um propósito maior na vida. Com uma concisão admirável, o poema nos convida a contemplar a grandeza e a pequenez de nossas lutas diárias, questionando se, afinal, vale a pena investir tanta energia em objetivos que muitas vezes parecem fugazes e efêmeros.
Ao mergulhar nas entrelinhas desses versos aparentemente simples, somos levados a uma jornada filosófica que ecoa as ideias de grandes pensadores ao longo da história, especialmente aqueles de viés espiritualista. Esses sábios nos convidam a transcender a superficialidade e a conectar-nos com uma dimensão mais profunda de significado e propósito.
A primeira linha, "Por tão pouco", é um convite à reflexão sobre a natureza do que buscamos na vida. O termo "pouco" sugere que, muitas vezes, investimos nossa energia e tempo em metas triviais e passageiras, que não nos trazem uma satisfação duradoura. Esse questionamento remete-nos à filosofia estoica, que enfatiza a importância de cultivar a sabedoria e a virtude em vez de buscar a riqueza material ou a fama passageira.
A segunda linha, "Lutam demasiados", expande o alcance da reflexão e nos leva a considerar a universalidade dessa busca por algo mais significativo. A palavra "demasiados" indica que não estamos sozinhos nessa jornada. Somos uma coletividade de seres humanos, todos empenhados em lutas semelhantes, perseguindo objetivos que talvez não nos preencham verdadeiramente. Essa constatação evoca o pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que argumentava que a essência da existência humana é o desejo constante e insaciável, mas que tal desejo inevitavelmente nos leva ao sofrimento.
A terceira linha, "Feito um louco", nos faz refletir sobre a intensidade e a paixão com que lutamos por nossos objetivos. O termo "louco" sugere que, muitas vezes, agimos impulsivamente, movidos por desejos efêmeros e por uma sensação de urgência irracional. Essa interpretação ressoa com as ideias do filósofo francês Blaise Pascal, que argumentava que os seres humanos são frequentemente governados pela emoção e pela busca frenética por prazeres momentâneos, mesmo quando esses prazeres são insustentáveis e fugazes.
A partir dessa análise, podemos perceber que o haicai "Por tão pouco" transcende a simplicidade de sua forma e se torna um convite à reflexão profunda sobre a busca por sentido e propósito. Ao se inspirar nos grandes pensadores, principalmente os espiritualistas, o autor nos faz refletir sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas e nos lembra da importância de buscar um equilíbrio entre o efêmero e o eterno, entre o material e o espiritual.
Em última análise, "Por tão pouco" é uma obra de arte que nos convida a questionar nossas motivações e a repensar nossas prioridades. O haicai nos desafia a abandonar a busca por conquistas vazias e a nos voltar para uma dimensão mais profunda de existência, em que possamos encontrar um sentido mais verdadeiro e duradouro. Ao contemplar os versos do autor Robson Côgo, somos instigados a buscar a sabedoria que transcende as limitações do mundo material e a encontrar um propósito maior que nos preencha de forma significativa.
Foto; Iain Thomas Farrell
Resenha por iA
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