Dorme em meus sonhos
#Haicai - Robson Côgo
O haicai "Seu rosto ainda", de Robson Cogo, é uma pequena obra-prima da poesia contemporânea. Com apenas três linhas, o poema consegue transmitir uma poderosa carga emocional, que nos faz refletir sobre a natureza dos sonhos e das memórias que nos acompanham ao longo da vida.
A primeira linha, "Seu rosto ainda", já nos dá uma pista do que está por vir. O pronome possessivo "seu" indica que se trata de alguém que o poeta conheceu no passado, alguém que deixou uma marca profunda em sua vida. O uso da palavra "ainda" sugere que esse alguém já não está mais presente na vida do poeta, mas continua presente em seus pensamentos e em seus sonhos.
Na segunda linha, "Dorme em meus sonhos", a imagem se torna ainda mais vívida. O verbo "dormir" sugere que esse rosto está em algum lugar entre a realidade e o mundo dos sonhos, uma presença que não está totalmente viva, mas também não está completamente morta. É como se o rosto tivesse se transformado em uma memória, algo que o poeta não consegue esquecer, mesmo que queira.
Finalmente, na terceira linha, "E já faz tempo", o poema nos lembra que essa memória não é recente. O uso do advérbio "já" sugere que se passou algum tempo desde que o poeta viu pela última vez o rosto que agora dorme em seus sonhos. Mas, ao mesmo tempo, a palavra "tempo" sugere que essa memória é algo que o poeta carrega consigo há muito tempo, algo que faz parte da sua identidade.
O haicai de Cogo é um exemplo perfeito da arte de sugerir sem dizer tudo. Com apenas três linhas, ele cria uma atmosfera de nostalgia e saudade, que nos faz lembrar de nossas próprias memórias e dos rostos que já passaram por nossas vidas. Mas, ao mesmo tempo, o poema é uma celebração da vida, da capacidade que temos de guardar em nossas mentes os momentos mais belos e significativos de nossa existência.
Além disso, o haicai também é uma reflexão sobre a natureza dos sonhos. Como o rosto que dorme nos sonhos do poeta, muitas vezes as memórias que guardamos em nossas mentes se transformam em sonhos, nos acompanham durante a noite, quando estamos mais vulneráveis. Mas, ao mesmo tempo, esses sonhos são uma forma de manter essas memórias vivas, de revivê-las em nossa imaginação, e de nos lembrar de quem fomos e de quem somos.
O poema também nos lembra da importância das memórias em nossas vidas. Mesmo que algumas delas sejam dolorosas, ou nos causem saudade e tristeza, elas fazem parte do tecido de nossa existência, e nos ajudam a nos conectar com o passado e a nos tornar quem somos hoje. Como escreveu o poeta William Wordsworth, "Somos feitos de coisas que já passaram".
Em resumo, "Seu rosto ainda" é um haicai de grande beleza e profundidade, que nos leva a refletir sobre a natureza das memórias, dos sonhos e da vida em si. É um poema que nos convida a olhar para trás, para as pessoas e momentos que já passaram por nossas vidas, e a reconhecer a importância que essas experiências tiveram em nossa formação como seres humanos.
A estrutura do haicai, com seus três versos e sua métrica de 5-7-5 sílabas, é uma escolha perfeita para transmitir essa mensagem. A brevidade e a simplicidade do poema contrastam com a profundidade das emoções que ele evoca, criando um efeito poético poderoso e intenso.
Além disso, a escolha cuidadosa das palavras e a cadência rítmica do poema também contribuem para sua força emocional. O uso do pronome "seu", por exemplo, é uma maneira de personalizar a memória, de torná-la mais real e palpável. O verbo "dormir" e o advérbio "ainda" criam uma sensação de suspensão, de algo que está adormecido, mas que pode acordar a qualquer momento.
Por fim, a escolha do autor de não especificar quem é o rosto que dorme em seus sonhos é uma escolha acertada. Isso permite que o leitor preencha essa lacuna com suas próprias experiências, seus próprios rostos e memórias. O poema se torna, assim, uma expressão universal das emoções humanas, uma obra de arte que fala diretamente ao coração do leitor.
Em suma, "Seu rosto ainda" é um poema que merece ser lido e relido, uma pequena joia da poesia contemporânea que nos leva a refletir sobre as profundezas da vida e da memória. É um poema que fica conosco muito depois de termos lido suas três linhas, uma fonte de inspiração e de conforto para aqueles que buscam entender o mundo e a si mesmos.
Foto; Svet Ka.
Resenha por IA
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