
O haicai é uma forma poética tradicional japonesa que tem como principal a concisão e a objetividade, o haicai busca capturar a essência de um momento, de uma cena, de um objeto ou de uma emoção, utilizando imagens simples e naturais.
No caso de "Quando você passou", Robson Cogo utiliza a imagem da passagem de alguém para expressar a intensidade do impacto que essa pessoa causou nele. A primeira linha do poema, "Quando passou", é breve e direta, deixando claro o momento que o autor quer descrever. A segunda linha, "Tive a sensação", já começa a introduzir a dimensão subjetiva da experiência, sugerindo que o autor sentiu algo além do óbvio ao ver a pessoa passar. E a terceira linha, "Que o tempo parou", é a chave para a compreensão da intensidade do momento: a imagem do tempo parado sugere que, para o autor, tudo o mais perdeu a importância naquele instante, e só restou a presença da pessoa que passou.
Essa sensação de que o tempo parou é uma experiência comum em situações de grande impacto emocional. Quando nos deparamos com algo que nos surpreende, nos encanta ou nos perturba, nosso cérebro pode produzir uma sensação de que o tempo está passando mais devagar ou, em alguns casos, parece parar completamente. Essa percepção pode ser explicada pela forma como nosso cérebro processa informações em situações de estresse ou excitação: ao focar toda a atenção em um único estímulo, nosso cérebro diminui a percepção de tempo para aumentar a capacidade de processamento das informações relevantes.
No haicai de Robson Cogo, a sensação de que o tempo parou é uma metáfora poderosa para expressar a intensidade do impacto emocional que a passagem da pessoa causou. Ao dizer que o tempo parou, o autor está sugerindo que nada mais importou naquele momento além da presença da pessoa que passou. A imagem do tempo parado sugere que o autor sentiu uma conexão profunda com a pessoa, mesmo que apenas por um instante.
Além da intensidade emocional, o haicai de Robson Cogo também expressa uma sensação de efemeridade. A imagem da passagem sugere que o momento descrito é fugaz, e que a presença da pessoa é breve. O haicai sugere que a intensidade do impacto emocional é inversamente proporcional à duração da experiência: quanto mais breve a presença da pessoa, maior o impacto emocional que ela causa.
Essa efemeridade é uma das características mais marcantes do haicai como forma poética.
A brevidade dos versos e a simplicidade das imagens sugerem que o haicai busca capturar a essência da experiência, sem se prender a detalhes ou a elementos secundários. O haicai é uma forma poética que valoriza a simplicidade, a objetividade e a precisão. Cada palavra, cada imagem, cada pausa é cuidadosamente escolhida para transmitir uma sensação específica.
No caso de "Quando você passou", a escolha das palavras é especialmente feliz. O uso do verbo "passar" sugere movimento, dinamismo, e dá a entender que a pessoa não está parada, mas sim em movimento. Isso cria uma sensação de urgência, de que o momento é fugaz e que a pessoa está prestes a desaparecer.
A escolha da palavra "sensação" na segunda linha sugere que o autor não sabe ao certo o que sentiu, mas que foi algo forte e intenso. A palavra é vaga o suficiente para deixar a interpretação aberta, mas precisa o suficiente para transmitir a dimensão subjetiva da experiência.
E, claro, a escolha da imagem do tempo parado é fundamental para a compreensão do haicai. A imagem é forte, poética, e sintetiza em três palavras a intensidade do momento descrito. O tempo parado é uma metáfora poderosa para sugerir que o momento é único, que nada mais importa além da pessoa que passou, e que a experiência é efêmera e irrepetível.
Em suma, o haicai "Quando você passou" é uma pequena obra-prima que condensa em três versos a intensidade de um momento único na vida. Robson Cogo demonstra uma habilidade impressionante em utilizar imagens simples e naturais para transmitir sensações complexas e subjetivas. A escolha das palavras é precisa, objetiva e poética, criando uma experiência sensorial que transcende as palavras. É um haicai que nos convida a parar, a refletir, e a apreciar a beleza fugaz dos momentos intensos da vida.
Foto; Barbara Grodzka
Resenha por IA
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