quinta-feira, 30 de julho de 2015

Haicai - O seu eterno

O seu eterno eu 

Em sonho foi buscar

No cósmico mar

#Haicai - Robson Côgo

O haicai é uma forma poética japonesa tradicionalmente composta por três versos, e geralmente busca transmitir a essência de um momento, objeto ou cena. O poema "O seu eterno eu" do autor Robson Cogo segue essa estrutura clássica, mas com uma abordagem mais filosófica e reflexiva.

O título do poema já sugere um mergulho na busca do eu interior, algo que transcende a existência física e temporal. O "seu eterno eu" remete à ideia de que cada indivíduo possui uma essência, uma alma que permanece mesmo após a morte do corpo. Esse tema é recorrente em diversas tradições espirituais e religiosas, mas aqui é explorado de forma mais livre e poética.

No primeiro verso, o sujeito lírico anuncia que está em busca desse "eterno eu" em sonho. Isso sugere uma tentativa de transcendência da realidade material, como se o sonho fosse uma porta para outro mundo, onde a alma pudesse se libertar das amarras terrenas. Além disso, o uso do verbo "buscar" reforça a ideia de que esse eu não está pronto ou acabado, mas precisa ser encontrado e compreendido.

No segundo verso, a imagem do "cósmico mar" é evocada como o local onde esse eu eterno se encontra. Essa imagem é interessante porque remete tanto ao infinito do universo quanto ao fluxo constante da vida. O mar também é um símbolo de renovação e transformação, algo que pode estar relacionado à ideia de que o eu eterno está em constante evolução. Além disso, a escolha da palavra "cósmico" amplia a dimensão do poema, dando a entender que essa busca não se restringe apenas ao plano terreno.

O terceiro verso encerra o poema de forma enigmática, deixando espaço para múltiplas interpretações. A escolha da preposição "no" em vez de "pelo" ou "para" sugere que a busca não é apenas uma jornada física, mas uma imersão completa no mar cósmico. O uso do adjetivo "eterno" também reforça a ideia de que essa busca é contínua e que o eu nunca se esgota completamente.

Uma das possíveis interpretações desse poema é que o eu eterno é algo que está sempre em movimento, nunca fixo ou estático. Ele é uma parte do todo cósmico, uma centelha divina que se manifesta em cada ser humano de forma única. O sonho seria, portanto, um portal para essa dimensão mais profunda, onde a alma pode se conectar com o universo e descobrir sua verdadeira natureza.

Outra possível leitura é que o eu eterno é uma espécie de memória ancestral, algo que carregamos dentro de nós desde os primórdios da humanidade. O cósmico mar seria uma metáfora para a origem da vida, o lugar onde todas as coisas começaram. Ao buscar esse eu eterno, o sujeito lírico estaria acessando uma sabedoria ancestral que pode ajudá-lo a compreender melhor o mundo e a si mesmo.

É possível também interpretar o poema de forma mais existencialista, como uma reflexão sobre a finitude da vida e a busca por uma identidade duradoura. O eu eterno seria, nesse caso, uma tentativa de transcender a mortalidade e encontrar um sentido maior para a existência. O cósmico mar seria uma imagem da vastidão do universo, algo que nos coloca em perspectiva diante da pequenez da nossa existência individual.
Independente da interpretação, é possível perceber que o poema de Robson Cogo é uma meditação profunda sobre a natureza da vida e da identidade. A escolha do haicai como forma poética é interessante porque exige uma concisão e uma precisão que refletem a própria busca pela essência do eu. Cada palavra e cada sílaba parecem ter sido escolhidas com cuidado, como se cada verso fosse uma espécie de mantra para a busca interior.

Além disso, a escolha das imagens é bastante evocativa e poética. O cósmico mar é uma metáfora poderosa para a imensidão do universo e a transitoriedade da vida. O sonho também é uma imagem interessante, já que remete tanto à imaginação quanto à realidade subjetiva. A busca pelo eu eterno em sonho sugere uma tentativa de escapar da racionalidade e da objetividade do mundo cotidiano, em busca de algo mais profundo e intenso.

Em suma, o haicai "O seu eterno eu" de Robson Cogo é uma reflexão filosófica e poética sobre a natureza da identidade e da vida. Utilizando a forma poética tradicional do haicai, o autor consegue transmitir de forma concisa e evocativa a profundidade da busca interior. As imagens do cósmico mar e do sonho ampliam a dimensão simbólica do poema, convidando o leitor a mergulhar na busca pelo eu eterno.

Arte; Herbert Knapp.
Resenha por IA

Nenhum comentário:

Postar um comentário